segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O desinformante!


Mark Whitacre é um executivo aparentemente simpático, quase bonachão, que trabalha na ADM, uma multinacional da área de alimentos. Um dia, ao ser designado para detectar uma falha na linha de produção de sua empresa, Whitacre rapidamente levanta a possibilidade de espionagem industrial. O fato chama a atenção do FBI, que, ao pressionar o protagonista em busca de mais informações, acaba tomando conhecimento da existência de um grande cartel internacional, supostamente liderado por diretores da própria ADM, formado por empresas cujo objetivo é controlar os preços de seus produtos no mercado mundial.

Essa é a história verídica de “O desinformante!”, longa dirigido por Steven Sordebergh, que seria apenas mais um filme sobre os bastidores escusos das grandes corporações não fosse por um detalhe: a questionável idoneidade do próprio Whitacre. Seria ele realmente uma fonte confiável? Será que Whitacre não passaria de um mitômano ou teria ele um interesse especial nos resultados das investigações?

Grande parte do mérito por tornar o protagonista de “O desinformante!" tão interessante está na atuação de Matt Damon. O ator, que engordou diversos quilos para encarnar Whitacre, confere ao personagem uma série de pequenos trejeitos, que contribuem para fazer do executivo uma figura ainda mais intrigante. Os fãs de Sordebergh também não irão se decepcionar, já que “O desinformante!” carrega todas as características que marcaram as outras comédias do diretor: o clima setentista, a fina ironia, a trilha sonora engraçadinha, os diálogos espertos, o humor muitas vezes involuntário dos personagens.

Entretanto, ainda que traga um ar de novidade aos filmes de espionagem corporativa, “O desinformante!” acaba padecendo do mesmo defeito de outros exemplares recentes do gênero, como “Duplicidade” e “Conduta de risco”: o de despertar aquela incômoda sensação de parecer mais longo do que realmente é. Sua história, rocambolesca, aos poucos vai se tornando repetitiva e previsível. Para cada mentira descoberta pelo FBI, Whitacre é capaz de inventar uma nova, mais escabrosa, que por sua vez será novamente descoberta e assim por diante.

Felizmente, é sobre a misteriosa figura de Whitacre, e não sobre a investigação em si, que Sordebergh se debruça com mais afinco. Repleta de contradições e idiossincrasias, é a personalidade do protagonista o elemento que confere força ao filme, garantindo a funcionalidade da história e fazendo com que o espectador saia do cinema satisfeito com o que viu.

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“O desinformante!” foi distribuído no Brasil com legendas extremamente finas, que freqüentemente desaparecem em meio à fotografia superexposta do filme. Para piorar, assisti ao longa no Unibanco Arteplex (cinema do qual gosto bastante, pelos títulos e preços), cuja cópia estava com um som horroroso, repleto de chiados. Fica, portanto, a dica: vá a outro cinema ou espere o DVD.

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Se gostar de “O desinformante!”, procure também: “Duplicidade”, de Tony Gilroy, e “Queime depois de ler”, de Ethan e Joel Coen.

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Título: O desinformante!
Diretor: Steven Sordebergh
Gênero: comédia
108 minutos

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