quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Comportamento contagioso

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Não é novidade a tese de que a obesidade é contagiosa. Um estudo publicado em 2007 por pesquisadores de Harvard e da Universidade da Califórnia acompanhou um grupo de pessoas durante um período de 30 anos e notou que havia um ganho de peso maior em quem tinha conexões fortes com alguém obeso. O fenômeno foi bem resumido em uma animação feita com bolinhas. E isso tem tudo a ver com o post anterior que questionava a possibilidade de encontrarmos logo uma nova bolha econômica pela frente. No caso da conexão dos gordinhos, a hipótese levantada pelos pesquisadores é que há um fator comportamental importante na evolução do nosso peso. Somos influenciados por nossos conhecidos e tendemos a imitar o comportamento dos outros -- o que vale para hábitos alimentares. Se você quer perder peso, saia com pessoas que comem muita salada (ok, é uma conclusão simplista, mas é mais ou menos isso).

Economistas que estudam como o comportamento das pessoas influencia decisões que, em teoria, são racionais, apresentam uma tese muito boa para entender as bolhas. Quando nossas conexões mais próximas estão refinanciando a casa para pagar a conta de cartão de crédito, temos algum incentivo para fazer o mesmo. O risco de um comportamento comum virar bolha vem quando ele passa a influenciar a tendência de todo um mercado. Os preços das casas nos EUA, para ficar na causa da última crise, subiram muito rápido, o que reforçava o comportamento arriscado de tomar empréstimos partindo do princípio de que o valor futuro da casa pagaria o financiamento. Do outro lado do balcão, os executivos de Wall Street tinham incentivos para conceder empréstimos arriscados porque, bem, todos estavam fazendo o mesmo para garantir o bônus de fim de ano.

Tivemos em Curitiba outro fenômeno que foi uma quase-bolha. Com o surto de gripo suína, houve uma sensação de pânico que só encontrou conforto na onipresença dos tubinhos com álcool em gel. Não adiantava argumentar que água e sabão são mais eficientes. Gente que vinha de outras cidades achava no mínimo estranho a neura com o álcool. O preço do álcool disparou e acredito que muitas lojas passaram a fazer estoque do produto para explorar a alta. Naturalmente, a bolha desinflou sem danos econômicos (fora para quem pagou R$ 50 por um tubo de álcool que hoje não vale R$ 5).

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