sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O rock e a moda - Parte 2

Swingin London
No início dos anos 60, a capital inglesa não era apenas um lugar. Era o lugar. Se você era jovem, se você era “in”, se você queria estar no centro dos acontecimentos, então você queria morar em Londres. Uma série de fatores contribuíam para compor esse cenário. Os liberais, pela primeira vez em treze anos, assumiam o governo. A classe baixa estava em ascensão: ser do povo era cool. A malandragem, a esperteza, o crime organizado reinavam soltos: valia tudo para ter seu espaço ao sol. O cenário era perfeito para o aumento da liberdade pessoal, para as experimentações, para a emancipação sexual feminina e para a explosão das mais diversas formas de arte.

A moda estava por todos os lados. Estilistas saíam das escolas de belas-artes e ganhavam o mercado, abrindo lojas em cada esquina. Mary Quant inaugura a Bazaar na lendária King’s Road e coloca as pernas das mulheres à mostra com a minissaia. Barbara Hulanicki leva o mundo teatral para sua boutique Biba e cria uma moda com inspiração romântica e exótica. Foale e Tuffin tomam a decisão de combinar pantalona e túnica ao som de muito rock’ n’ roll em sua pequena loja na Carnaby Street.

The hippie hippie shake.

As novas possibilidades não paravam de surgir para os Fab Four. Aos poucos, os Beatles começaram a adotar lições da filosofia oriental e se tornaram adeptos de um visual inspirado em modelos indianos. Mas, dessa vez, não estavam mais inventando moda. Eram apenas mais uma banda a entrar na onda da cultura hippie, que nascia e ganhava força também do outro lado do Atlântico.

Faça moda, não faça guerra
Revoltados com a Guerra do Vietnã, engajados na luta pelos direitos civis iguais para todos os grupos, indignados com o establishment, os jovens decidiram pôr abaixo as instituições mais básicas, criando comunidades totalmente à parte do sistema capitalista. Através de um visual “pobre” e homogêneo, os hippies dificultavam a distinção de classes em seu meio. Suas roupas, bastante coloridas, ganharam enfeites artesanais e floridos. Os cabelos eram longos e despenteados. As calças boca-de-sino cobriam os pés, muitas vezes descalços. Essa geração, famosa por entoar gritos de “paz e amor”, teria seu grande momento de celebração e difusão de idéias em 1969, naquele que viria a se tornar o concerto mais famoso da história do rock.

Realizado em uma fazenda a algumas horas de Nova York, o festival de Woodstock reuniu milhares de jovens com um mesmo ideal para assistir a artistas como Santana, Janis Joplin e Jimi Hendrix. O movimento hippie ganhou tanta força com o evento que viraria a década e continuaria sendo o principal elo de ligação entre música e moda até o surgimento de uma nova tendência, bastante inusitada e extravagante: o glam rock.

Nascido de uma derivação da palavra “glamour”, o termo glam foi escolhido para designar o estilo de alguns artistas que tinham em comum o visual composto por muito brilho e maquiagem, além da postura teatral, do som pop e da sexualidade altamente ressaltada em suas apresentações. Parte do glam era a mais pura diversão: não havia muita substância, apenas superfície e aparência. Era o caso de artistas como T. Rex e Gary Glitter. Do outro lado, estavam astros muito mais dramáticos e ambiciosos, como David Bowie, criador do alter ego Ziggy Stardust, uma estrela do rock andrógina vinda de outro planeta. Toda essa teatralidade e valorização do visual abririam caminho para aquele que pode ser considerado o movimento musical (e principalmente sócio-cultural) mais importante desde a beatlemania: o punk.




Continua...

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