segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A falência de Dubai

É sintomático o pedido de default (calote) de Dubai. Empurrado por um projeto que combinava financiamento externo, mão de obra importada e atração de negócios em serviços, o pequeno emirado era uma síntese do que chamamos de bolha. O que se fez ali impressiona, porque não é pouco fazer arranha-céus e ilhas artificiais no meio do deserto. Mas havia algo de estruturalmente errado. A produção real de Dubai não daria conta de financiar seu crescimento, que dependia da aceitação da ideia de que o emirado seria um entreposto moderno. A finança tem essa habilidade de tomar dinheiro barato, canalizar para ideias e transformá-las em realidade. Funciona bem, até o ponto em que a realidade começa a ficar para trás. Como no mercado imobiliário de Dubai. Como na Califórnia, ou na Flórida. No Reino Unido.

A crise ainda não acabou. Não se sabe quantas Dubais estão aí à frente esperando para serem varridas dos balanços dos grandes bandos. E, pior, o desbalanço da economia global, origem primária da crise, continua. A China, com seu crescimento simbiótico, dependente de exportações, continua acumulando reservas e colocando-as de volta no mercado financeiro, que procura novas Dubais. Que desta vez pode ser o governo norte-americano. Há gente dizendo por aí que o déficit público dos EUA é uma nova bolha. Só que de um tipo que nunca vimos explodir na hitória do capitalismo.

Um comentário:

  1. Muito bom, mas está na hora de voltar a escrever. Os fãs, já dependentes, começam a sentir os efeitos da abstinência!

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